quinta-feira, 1 de abril de 2010

MANIFESTO AOS AMANTES






O amor é um leve grilhão em forma de pássaro

Pobres e miseráveis são os inocentes

Que escutam o seu cântico ancestre

Tolos, escravos e prepotentes

São todos os espíritos de poetas andejos

Que não encontrando pasto, repouso, guarita

Nas cidadelas e em si mesmo

Vestem-se com penas de abutres, altivez de profeta

E põem-se a ruminarem

Infâmias, blasfêmias e falsidades sentimentais

Nas colinas de morros uivantes, nas praças de aposentados ou nas

vielas sombrias, residência dos alcoviteiros.



Anátemas!

Anátemas!

Bando de caluniadores da morte!

Carnossáurios pré-históricos da província humana!

Canibais insensatos da essência fictícia!



Senhor, caçador das florestas

Que não buscas nada, para além de víveres,

Que possam saciar sua prole

Senhor, caçador das florestas

Que desposou-se com o virgem silêncio

Feri, na altura do peito,

Este mocho impiedoso, fugaz e licencioso

Restitui-nos a lucidez

Frente às intempéries cinza das honras



Carentes marinheiros de primeira viagem

Tragados impiedosamente

Por cupidos de carnes fartas, brilhos foscos,

Todos residentes de lugares tão comuns



Despertem filhos de Eva

Ponham à baixo a arquitetura de Babel

Ressuscitem náufragos, das profundezas dos mares

E fitem a verdadeira face da horripilante sereia



Eu, carcaça póstuma do opróbrio do amor

Fantasma inconformado

Alerto-vos!





Leandro Araújo.

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